domingo, 20 de julho de 2008

A reestruturação e remodelação governamentais “possível” (I)

No timing certo mas num timing demasiado rápido
“É o governo possível,
mas eu considero que é um bom governo…”
PM, José Maria Neves[1]

Para já, temos “Governo renovado” e, enquanto tal, não existe ainda muito a escrever sobre isso a não ser especular um pouco – o que é legítimo. Por enquanto, estamos todos aqui para ver e analisar e eu, aqui e por agora, limito-me a tecer apenas algumas notas breves sobre o nosso reestruturado e remodelado Governo.

Nota primeira. O primeiro-ministro (PM) prometeu e cumpriu. Profundidade nas mudanças e surpresas nas opções e escolhas. Sem juízos! Desta feita, nem aqueles meios de comunicação social que acertam quase sempre e em quase tudo, tiraram alguma coisa da cartola em tempo útil. Como dizia o PM, foram só especulações.

Nota segunda. Ainda não deixou de ser bem aceite, entre nós, o adágio popular futebolês. “Em equipa que ganha não se mexe”. As remodelações governamentais são instrumentos legítimos ao dispor dos governos para, antes de mais, corrigir e adaptar as estruturas e os elencos governamentais. O que ficou claro, particularmente na entrevista do PM que saiu no jornal A Semana do passado dia 20 de Junho, é que a estrutura e o elenco governamentais existentes já não seriam capazes de responder, satisfatoriamente, aos novos desafios – respostas às novas realidades económicas, políticas e sociais que foram surgindo ao longo do tempo, atingindo, neste momento, situação inimaginável há um ou dois anos atrás e com perspectivas nada animadoras para o curto e médio prazos. Este é um assunto interessante para análise mas não aqui e agora, no âmbito destas breves notas.

Nota terceira. “Os timing’s” da reestruturação/remodelação. No quadro da legislatura, 2006 – 2011, este é um bom timing para alterações dessa profundidade a conjugar com os resultados saídos das recentes eleições autárquicas, permitindo assim também concretizar algumas ilações daí tiradas com os objectivos estratégicos da governação. Agora, o outro timing (período) que se diz ter sido necessário para a conclusão desse processo creio que não colhe bem. Sem as amarras de um deadline, dizer que os contactos (entende-se por abordagens, convites, negociações, negações e/ou aceitações) dos novos membros do Governo foram feitos (e concluídos) em quarenta e oito horas ou menos não soa bem, essencialmente porque pode induzir que terá havido demasiada celeridade ou alguma ligeireza no processo, sobretudo no que tange às aceitações. Até em termos estritamente logísticos não bate muito certo. Enfim…

Nota final. Entendo que os governos, como tudo na vida, são sempre “os possíveis” mas também, por princípio, defendo que se deve tentar sempre ter os melhores governos e, se possível, melhores do que “os possíveis”. No entanto, caberá a nós todos – não só ao PM - contribuir, de alguma forma, para que assim seja e caberá às oposições políticas apresentarem ainda melhores alternativas. Só assim, manter-se-á a competição política por alto e o povo e país saem a ganhar. Por isso, votos de boa sorte e de um bom trabalho ao novo elenco governamental. Nós, os outros, estamos aqui para ver e ajudar, na medida do possível.
pedromoreira2006@gmail.com


[1] Durante a conferência de imprensa na apresentação do Governo em 27/6/2008.

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