quarta-feira, 24 de março de 2010

Violência Juvenil Urbana

Ponto de Ordem (II-III)
Assim, não! Sem surpresas e com Sensacionalismo

Apesar da circunstância conjuntural a que me referi no início desta crónica, este “avanço” do Primeiro-ministro soa a sensacionalismo político a mais, neste caso, sem a Comunicação Social (CS). Então, já existem medidas “para debelar” a problemática? Sem sequer dar o mínimo de cavaco a um “governo” local e a outras entidades não-governamentais locais e não só? Medidas suportadas e baseadas por/em quê?


O facto de estarmos num ano pré-eleitoral é apenas uma mera circunstância conjuntural e tudo o que acontece durante o mesmo, por mais oportuno que possa ser, não deve ter nada de especial a ver com as eleições, acho eu; sem surpresas e com mais ou menos sensacionalismos.

Posto esse pequeno intróito, é bom situar que, há já algum tempo que prometi ao Sr. Director do Jornal, o meu mano Alex, um conjunto de crónicas mais organizadas e estruturadas sobre a temática do momento, a violência juvenil urbana em Cabo Verde. Contudo, ponderações a mais e/ou a recolha do máximo de informação que um tratamento do assunto, mesmo de opinião merece, aliados a alguma falta de tempo, não permitiram que os mesmos já estivessem cá fora, embora estejam a caminho. No entanto, enquanto isso, estava mesmo, para escrever mais um “ponto de ordem” (1), ainda antes das anunciadas visitas do Sr. Primeiro-ministro aos bairros “problemáticos” da Cidade Capital do país, a começar pelo bairro de Safende, note-se - para mim -, numa justa homenagem ao meu mano jovem e feliz obreiro da paz - sem sensacionalismos -, o Dino. Todavia, pensando melhor, disse para comigo que era melhor esperar e ver antes o que sairia daí.

Depois da surpresa, dos sensacionalismos da comunicação social (CS) e de vários encontros de gabinete, eis que o Chefe do Governo vai ao terreno “tirar o pulso”, in loco, à situação, desta feita, certamente, sem surpresas nem sensacionalismos da CS. Nada melhor.

No entanto, algo arrependido por não ter escrito esse ponto de ordem ainda antes dessas visitas, eis que, tentando tirar o pulso ao que a primeira acabou por ser, fico mesmo surpreso ao ler, primeiro a notícia num dos jornais online da praça e, depois, para certificar se não era apenas sensacionalismo da CS, a fonte, no site do Governo; estava tudo ali, ipsis verbis: “Primeiro-Ministro avança novas medidas para combate à criminalidade nos bairros”.

É de notar que, conexa à “violência juvenil urbana”, ultimamente, apareceu a nuance da “criminalidade juvenil/nos bairros” sabendo que uma e outra coisa são naturalmente diferentes e que, conceitualizações jurídicas à parte, eventualmente deve existir mais criminalidade juvenil/nos bairros que seja também violência do que o contrário.

Apesar da circunstância conjuntural a que me referi no início desta crónica, este “avanço” do PM soa a sensacionalismo político a mais, neste caso, sem a CS. Então, já existem medidas “para debelar” a problemática? Sem sequer dar o mínimo de cavaco a um “governo” local e a outras entidades não-governamentais locais e não só? Medidas suportadas e baseadas por/em quê? Claro que se entende a avaliação e abordagens políticas (no sentido restrito do termo) da problemática e as comunicações respectivas mas, com bom senso suficiente e “política” q.b. para não colocar em causa a correcta abordagem do complexo e multifacetado fenómeno da violência juvenil urbana o que, certamente, uma vez travado o surto da violência, o que, ao que parece, vai se conseguindo com relativo sucesso, passará necessariamente por uma aposta clara nos estudos, numa lógica de investigação-acção e uma perspectiva de rede e de parceria, cujos resultados serão, a seu tempo e de forma correcta, consensualizados e participados, o máximo possível, por todos. (Continua na próxima semana).

pedromoreira2006@gmail.com



(1) Crónica escrita neste jornal em Fevereiro passado sobre a Violência Juvenil Urbana intitulado “Ponto de Ordem” sobre a emergência de travar a surto de violência juvenil urbana que se instalou sobre nós nos últimos 4-5 meses.

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